Foi na Rússia que surgiram os primeiros exemplares da raça Peterbald, mas nem o frio daquele país lhes gelou o coração. São gatos bastante carinhosos e afetuosos e com as crianças estabelecem fortes amizades. A falta de pelo dá-lhes um charme a que é difícil resistir e torna-os ainda mais especiais.
Origem
O primeiro gato sem pelo, cujos genes sofreram uma mutação natural, surge em 1987. Foi este primeiro gato, juntamente com outras raças de felinos, que, mais tarde, deu origem à raça Peterbald. Todavia, a história tem início um ano antes, em 1986, quando a russa Irina Kovalyova e a sua filha, Inna, levaram para casa uma gatinha, com três meses de idade, e lhe deram comida, conforto e um nome: Varvara. No entanto, a gata começou a preocupar Irina, porque, gradualmente, estava a perder pelo em todo o corpo. Depois de alguns exames médicos, percebeu-se que o animal estava bem de saúde, mas detetou- se que tinha a mesma mutação genética responsável pela ausência de pelo na raça Sphynx. Designaram esta nova mutação como Don Sphynx. Contudo, descobriram que este gene não era recessivo, como o do Sphynx, mas sim dominante. Foi então que o nome da raça mudou para Don Hairless, qualquer coisa como Dom Careca. Em 1990, Varvara teve uma ninhada e Irina observou atentamente uma das suas crias. O que mais despertou a sua atenção foi a forma das patas e o modo como o gato manuseava as coisas em que pegava. Irina chegou a compará-lo com um macaco, acabando por chamarlhe Chita, como o célebre chimpanzé das aventuras de Tarzan, tal era a destreza de que este gato dava mostras. Estes originais gatos acabaram por ser mostrados ao mundo, pela primeira vez, numa exposição em 1993, mas só foram reconhecidos oficialmente enquanto raça em 1998.
A falta de pêlo é a característica mais marcante na fisionomia deste gato
História
Sangue russo é o que corre nas veias dos gatos Peterbald e, como é indiciado no próprio nome, São Petersburgo é a sua cidade natal. Todavia, os primeiros exemplares sem pelo poderiam não ter passado de um curioso episódio, não fossem os sérios esforços encetados por uma especialista russa, a criadora Olga S. Mironova. Um rigoroso programa de desenvolvimento que garantia a fixação da mutaç ão dos gatinhos carecas, teve início em 1994, naquela mesma cidade, a segunda maior cidade da Rússia. O primeiro cruzamento juntou um macho Sphynx, de seu nome Afinogen Myth, e uma fêmea Shorthair Oriental, a campeã do mundo Radma von Jagerhov. Desta primeira união surgiu uma ninhada de quatro gatinhos, de apelido iz Murino: Mandarin, Muscat, Nezhenka e Nocturne. Estes foram, oficialmente, os fundadores da raça Peterbald. Diferentes linhas foram sendo desenvolvidas quando outros interessados no crescimento da raça cruzaram exemplares Peterbald com gatos Donskoy e Oriental Shorthair com Siameses. O Peterbald combina com mestria o gene da calvície dos Donskoy com a elegância dos Siameses e dos Oriental Shorthairs, mas deles difere, com linhas graciosas, ainda que, à primeira vista, possam causar alguma estranheza. Os gatos da raça Peterbald têm o pelo muito fino e quase invisível. Em alguns, o pelo chega mesmo a ser inexistente. São facilmente confundidos com Sphynx e, por isso mesmo, são também conhecidos como Petersburg Sphynx. A The International Cat Association (TICA) aceitou o Peterbald como uma nova raça, em 1997, e reconheceu o seu estatuto para participação em campeonatos apenas em 2005. Em 2003 foi também aceite na World Cat Federation (WCF). Segundo a criadora da raça, Olga Mironova, todos os Peterbald existentes atualmente deveriam ter obrigatoriamente no seu registo a referência a um dos quatro gatos fundadores da raça.
Não devem ser expostos ao sol e o uso de protetor solar é essencial
Morfologia
Este incomparável e exótico gato da Rússia tem um corpo esguio, com uma musculatura forte e linhas bastante elegantes, mas o que mais o distingue das outras raças é mesmo o seu pelo ou, neste caso, a peculiar ausência dele. O seu corpo, ao toque, varia entre uma pele aveludada, tal qual a casca macia de um pêssego, e uma pele completamente lisa, devido à total inexistência de pelo. Este facto faz com que, por vezes, sejam olhados com alguma relutância por uns, mas também com que sejam bastante apreciados por outros. Esta é mesmo uma das características que determina a sua procura. Se em relação aos humanos há quem assegure que “é dos carecas que elas gostam mais”, o mesmo se pode referir em relação a estes gatos. Mesmo os que nascem com algum pelo, é provável que o vão perdendo ao longo da vida. A cabeça é estreita e longa, bem como a cauda. Os olhos são amendoados e transparecem muita doçura, o que derrete o coração até daqueles que, à primeira vista, não sentem tanto apreço por este felino. Habitualmente, são gatos saudáveis e a pele é bastante elástica, o que lhes permite serem muito ativos e terem movimentos desembaraçados. Existem Peterbald com vários tipos de coloração de pele. As orelhas são grandes, com pontas arredondadas, lembrando as asas de um morcego, e o focinho tem o formato de uma cunha. Vista de frente, a cabeça forma um triângulo equilátero quase perfeito, começando no nariz e recuando até às orelhas. Outra característica bastante distintiva desta raça é o facto de terem patas ovais com longos e ágeis dedos. Daí que consiga agarrar objetos ou, por exemplo, fechar uma porta segurando na própria maçaneta.
Tem bom relacionamento com crianças e outros animais de estimação
Temperamento
Pode dizer-se que estes gatos têm alma de cães, porque, ao contrário de outros gatos, adoram os donos e são- -lhes fiéis como poucos. São também bastante sociáveis, não tendo qualquer tipo de problema em estabelecer amizade com outras pessoas. São incrivelmente dóceis, inteligentes e enérgicos. O seu porte atlético e a sua habilidade física permitem-lhe brincar até à exaustão. Não causam problemas quando colocados junto de outros gatos, cães ou outros animais de estimação e são ótimos a lidarem com crianças. Some-se à lista de vantagens o facto de esta ser uma raça muito tranquila e pacífica, que se adapta facilmente a espaços pequenos, como apartamentos. Como são muito dedicados aos donos, se estes passarem muito tempo fora de casa, é possível que os Peterbald lhes cobrem a atenção desejada. Por serem muito dependentes da sua família humana, não lidam bem com ausências prolongadas, um fator a ter em conta na hora de escolher a raça mais adequada.
A dependência que o Peterbald tem do dono é pouco comum nos felinos
Prós e Contras
Apesar do pouco, ou nenhum, pelo que possuem, a pele destes felinos requer cuidados e os banhos regulares fazem parte da sua rotina. É normal em raças com pouco pelo uma maior necessidade de banhos frequentes, devido à oleosidade que a sua pele gera. Tal como acontece com as pessoas, estes gatos não têm pelo para os proteger dos nefastos efeitos da radiação solar, logo, é importante resguardá- los do sol intenso, bem como aconselhável o uso de um protetor solar. Não se deve incorrer no erro de, pelo facto de este gato não ter pelo, se considerar que não pode suscitar alergias nos seres humanos. Tendo em conta que as reações alérgicas são provocadas por diferentes proteínas, que tanto podem estar nos pelos, como na saliva ou na pele do animal, o mais adequado é conviver durante uns dias com um Peterbald e verificar se tem alguns sintomas que demonstrem alergia. A boa ligação com as crianças é um dos pontos positivos deste gato, o que realça o seu carinho pela família humana, bem como a sua pacificidade. É muito submisso e tolerante com as brincadeiras, por vezes, um pouco mais agressivas das crianças. Pode passar horas entretido a brincar com um qualquer brinquedo, contudo também requer muita atenção dos donos, a quem é extremamente dedicado e fiel.