Ser místico
Novíssimo testamento
Decorria o ano da graça do Senhor… Nada disso. Na curta história do Nebelung, tudo aconteceu, praticamente, ao virar da esquina. Podemos
até datar e localizar geograficamente todos os dados concernentes ao surgimento desta recente raça felina. A primeira data a reter é 1984, quando, em Denver, no estado norte-americano do Colorado, nasceu — filho de Elsa, uma gata doméstica preta de pelo curto, e de um gato de pelo comprido muito semelhante a um angorá preto — uma cria em tudo diferente dos irmãos de ninhada. Era um gato único, com um pelo azul acinzentado, de tamanho médio a longo, que, desde logo despertou a atenção da dona, Cora Cobb. As nuances de prateado, conferiam-lhe um perfil fantasmagórico, como se o animal estivesse a emergir da bruma ou de um denso nevoeiro.
Em nome da ópera clássica
Para Cora Cobb, amante de ópera, não foi preciso acrescentar mais nada. O gato chamar-se-ia Siegfried, em homenagem a um dos protagonistas de um poema épico germânico. Quando, cinco meses depois, já em 1985, numa outra ninhada, nasceu uma irmã de Siegfried com as mesmas características, Cora deu-lhe o nome de outra figura de proa do mesmo épico, Brunhilde. Com este segundo gato, e ciente das relíquias que tinha em mãos, Cora procura a ajuda de um geneticista, Solveig Pflueger, e expõe a sua ambição: criar uma nova raça de gatos que se chamaria, claro está, Nebelung, um derivado deNibelungenlied, título da já referida saga medieval germânica, e que inclui ainda o termo nebel, palavra germânica para bruma ou nevoeiro. Em todos os sentidos, nascia uma raça, em tudo, mística e bela.
Como Adão e Eva
Brunhilde, de pelo mais longo e mais claro, e o seu irmão Siegfried assumiram, assim, a responsabilidade de se tornarem os pais desta nova raça, com a sua primeira ninhada a nascer em 1986. A fim de variar e enriquecer a plataforma genética, e porque a tentativa era a de recriar, com base neste casal de irmãos, o perfil dos gatos russos importados para a Europa durante a época vitoriana — no início do séc. XIX —, foi introduzido o Azul Russo, cujo cruzamento ainda hoje é permitido.
Beleza alongada
Os Nebelung são gatos extraordinariamente belos e… longos. Longo é o seu corpo musculado, o seu pelo felpudo e sedoso (mais comprido na cauda e em redor do pescoço) de um azul-cinzento com delimitações prateadas, que lhe conferem um ar místico, longas são ainda as suas patas e alongados são também os seus olhos cuja cor varia entre o verde e o amarelo esverdeado.
QI (Que Inteligente)
E porque beleza não é antónimo de inteligência, conte com animais espertos, devotados aos donos, mas esquivos perante as visitas. São independentes, pelo que deve deixar que seja o animal a tomar a iniciativa nos primeiros dias, sem intimidações. Findo o período de adaptação, não mais largará os donos, seguindo todos os seus passos e dando-lhes indicações acerca das suas necessidades e até do grau de limpeza que exigem nos espaços que lhe estão reservados. São companheiros adoráveis, ativos e de bom coração, capazes de conviver bem com outros gatos, de temperamento igualmente tranquilo, e apreciam um bom colo. A raça tem um único defeito: ser ainda muito rara.